Melancolia XXXIV

Tu me olha para condenar o que penso

de seu olhar.

Diz que sou a mentira quando se vira.

O meu bem é tentar sorrir para que

não sinta a dor que sinto nos olhares.

Tento caminhar suavemente neste

jardim de espinhos.

Me dizem palavras que me torturam

e nada posso fazer

Se grito, eu choro por ter que voltar só

Mas se choro, eu grito por estar só.

Falo aos olhos para que não me sussurem

desejos da rua,

eles voltam nos dias claros para escurecerem

meu céu florido.

Repouso no pé da árvore para contemplar

a distância do teu ninho.

Útil o sombrear que o regue das folhas

fazem ao proteger-te do meu mau.

Esta noite onde me escondo na luz,

sinto o toque da vida gargarejar-me.

Sustento meu peso em corda de lís

Há um vácuo em meu coração

Eu corro sem segurar tua mão,

não carrego a esperança em meus braços.

Perdurei escorrendo em minhas linhas

e não posso te condenar a sofrer por mim.

Faz tempo que o tempo nos separou

E cá,

aprofundo minha dor

Sangrando em pele

Marcando minha derrota

Colhendo meu destino pactuado

a morrer pelo mundo.

Os olhos que sofrem que me perdoem

por não conseguir salvá-los de desviar o olhar.

Domino os faróis, que cegos,

não sobem nos galhos por sentir espinhos.

Vivo a remediar meu sangue entre

o tempo que passeio meus dedos já secos

em meu corpo.

Quando teus olhos piscam delicadamente

eu sinto que paro de respirar,

eu deixo de viver.

Faço minha formiga fugir pelo medo de voar.

Ytalo Scharf
Enviado por Ytalo Scharf em 18/11/2019
Código do texto: T6797377
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.