Melancolia XXXIV
Tu me olha para condenar o que penso
de seu olhar.
Diz que sou a mentira quando se vira.
O meu bem é tentar sorrir para que
não sinta a dor que sinto nos olhares.
Tento caminhar suavemente neste
jardim de espinhos.
Me dizem palavras que me torturam
e nada posso fazer
Se grito, eu choro por ter que voltar só
Mas se choro, eu grito por estar só.
Falo aos olhos para que não me sussurem
desejos da rua,
eles voltam nos dias claros para escurecerem
meu céu florido.
Repouso no pé da árvore para contemplar
a distância do teu ninho.
Útil o sombrear que o regue das folhas
fazem ao proteger-te do meu mau.
Esta noite onde me escondo na luz,
sinto o toque da vida gargarejar-me.
Sustento meu peso em corda de lís
Há um vácuo em meu coração
Eu corro sem segurar tua mão,
não carrego a esperança em meus braços.
Perdurei escorrendo em minhas linhas
e não posso te condenar a sofrer por mim.
Faz tempo que o tempo nos separou
E cá,
aprofundo minha dor
Sangrando em pele
Marcando minha derrota
Colhendo meu destino pactuado
a morrer pelo mundo.
Os olhos que sofrem que me perdoem
por não conseguir salvá-los de desviar o olhar.
Domino os faróis, que cegos,
não sobem nos galhos por sentir espinhos.
Vivo a remediar meu sangue entre
o tempo que passeio meus dedos já secos
em meu corpo.
Quando teus olhos piscam delicadamente
eu sinto que paro de respirar,
eu deixo de viver.
Faço minha formiga fugir pelo medo de voar.