Melancolia XXXII

As mentiras que você conta

Não enxugam minhas lágrimas.

Implora por algo que não sou eu

Me abraça chorando ternuras de amor

sem fazer sentir.

Logo eu, que vivo assim

Não vejo alegria.

Os olhos se encontram nas ruas

Se fecham, sorriem

Tanto faz o sentido que querem dar.

Se por amor ou condenação

Eles vivem a desafiar-se.

Minha pele começa a suar,

minhas pernas a tremer

e minha mão a coçar.

O beija-flor que pousa em minha janela

possui dedos que apontam a minha tristeza.

O faz girar em minhas cores vividas

E sinto suas asas transbordar

a raiva por sentir minha dor.

Há um gosto metálico escorrendo entre

meus dedos

Uma mania criando lapsos de desejos.

Estou vendo corroer a alma,

dilacerar a carne simplesmente

porque sentem.

Me deito e lembro o que a vida é,

sentimentos correndo atras de sentimentos

Não param para olhar o tempo

Assistir um pássaro voar

Observar as formas das nuvens.

Salivam risos fartos de dor e solidão

Sou a compreensão dos teus versos

que não entendem,

que não sentem verdadeiramente.

Se fechas os olhos,

me sente em teu aconchego.

Estou aqui dizendo que sei

Sem dizer o que sentimos.

Ytalo Scharf
Enviado por Ytalo Scharf em 16/11/2019
Código do texto: T6796527
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