Melancolia XXXII
As mentiras que você conta
Não enxugam minhas lágrimas.
Implora por algo que não sou eu
Me abraça chorando ternuras de amor
sem fazer sentir.
Logo eu, que vivo assim
Não vejo alegria.
Os olhos se encontram nas ruas
Se fecham, sorriem
Tanto faz o sentido que querem dar.
Se por amor ou condenação
Eles vivem a desafiar-se.
Minha pele começa a suar,
minhas pernas a tremer
e minha mão a coçar.
O beija-flor que pousa em minha janela
possui dedos que apontam a minha tristeza.
O faz girar em minhas cores vividas
E sinto suas asas transbordar
a raiva por sentir minha dor.
Há um gosto metálico escorrendo entre
meus dedos
Uma mania criando lapsos de desejos.
Estou vendo corroer a alma,
dilacerar a carne simplesmente
porque sentem.
Me deito e lembro o que a vida é,
sentimentos correndo atras de sentimentos
Não param para olhar o tempo
Assistir um pássaro voar
Observar as formas das nuvens.
Salivam risos fartos de dor e solidão
Sou a compreensão dos teus versos
que não entendem,
que não sentem verdadeiramente.
Se fechas os olhos,
me sente em teu aconchego.
Estou aqui dizendo que sei
Sem dizer o que sentimos.