Melancolia XXXI

Estou na minha melhor noite

Onde a sonoridade lá fora

encobre meu choro.

Sinto a dor de me mexer sozinho

Consigo enxergar a verdade do meu mal.

Seus lábios sutis e lentos pronunciam minha morte.

Ouço o caminhar das árvores

As flores a flutuar o céu escuro.

Sopram formigas entre si

em deslaio.

Entendo o sofrimento que te causei

Por aquelas noites de insônia.

Te enxergava pelo escuro do teu céu.

Magna vontade de voar.

O lado esquerdo me risca enquanto

o corpo transpira de terror.

Pulsa o pássaro que repousa em meu peito

O pavão que não sabe voar

admira a distância que percorre teus olhos.

Acorrentado nesta noite fiel à mim

Tento voar longe da água

para que minhas raízes não chorem.

Permeio o amor e a dor,

doso em minha taça o sangue que derramo

E choro por existir.

Minha respiração agita meus pensamentos

Fecho os olhos para não ver-te

diante do precipício, coração.

Só corro, pedindo ajuda ao nada

E agora ando no silêncio que faz a madrugada.

Meus dedos sentiram a dor

sem desviar um segundo o feito.

Se pudesse me olhar,

diria que sou um jardim sem cor.

Ytalo Scharf
Enviado por Ytalo Scharf em 15/11/2019
Código do texto: T6795155
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