Melancolia XXXI
Estou na minha melhor noite
Onde a sonoridade lá fora
encobre meu choro.
Sinto a dor de me mexer sozinho
Consigo enxergar a verdade do meu mal.
Seus lábios sutis e lentos pronunciam minha morte.
Ouço o caminhar das árvores
As flores a flutuar o céu escuro.
Sopram formigas entre si
em deslaio.
Entendo o sofrimento que te causei
Por aquelas noites de insônia.
Te enxergava pelo escuro do teu céu.
Magna vontade de voar.
O lado esquerdo me risca enquanto
o corpo transpira de terror.
Pulsa o pássaro que repousa em meu peito
O pavão que não sabe voar
admira a distância que percorre teus olhos.
Acorrentado nesta noite fiel à mim
Tento voar longe da água
para que minhas raízes não chorem.
Permeio o amor e a dor,
doso em minha taça o sangue que derramo
E choro por existir.
Minha respiração agita meus pensamentos
Fecho os olhos para não ver-te
diante do precipício, coração.
Só corro, pedindo ajuda ao nada
E agora ando no silêncio que faz a madrugada.
Meus dedos sentiram a dor
sem desviar um segundo o feito.
Se pudesse me olhar,
diria que sou um jardim sem cor.