Silêncio dos Sonhos
Sonhos, são rios,
direção oposta,
não morrem, vivem sem resposta.
E assim, guiados pelos mesmos sonhos,
seguem em outros rios,
e no encontro das águas,
transbordam em outras, dão origem a outros,
nus, nuas, vivas e claras como águas passadas.
Retidos, à sorte ficam,
detalhes apagados,
e do outro lado, são esquecidos, ignorados.
Pequenos, viram grandes lagos ou vazios riachos cobertos de
lama.
Sonhos, rios de lágrimas,
fogo ateado, cinza viram suas margens.
Olhos que deles zombam , desconhecem a
dor que arde daquela chama,
são sonhos incompreendidos que carregam
em seus leitos, o que deles clamam.
Ó, mãos que esfregam e apertam o peito,
que sacodem e transformam o tempo em simples pó.
É manhã,
ainda suscita de ti, o gosto salobro do suor.
Ó, rios que ocultam intimidades.
Na tua escuridão, a pureza e o perigo do alheio,
no teu íntimo, o silêncio dos
sonhos, anseios.