Melancolia XXX
Como não sangrar quando o desespero
bate em minha porta.
Eu fujo do que penso quando a lâmina
cria linhas em meu corpo.
Eu faço coro das vozes que me sussurram a noite.
Meu canto isolado do mundo
As paredes frias em contraste de meu corpo quente
Todos os olhos no escuro me encarando.
Dizimam meus desejos em rubro.
Vindo de mãos nos bolsos,
encenando com um olhar gentil
O verde da alma implorando para voar.
Dói o pensar, o agir,
o falar, o amar.
Segrego meus segredos dentro de cadernos
Eu escrevo pela dor que vive em mim.
Bate na porta, espanca-me
E judia do meu peito.
Todas as dores eu engulo com a força
de que não posso mais suportar.
Eu cancelo encontros que me sangraríam.
Ela não vai embora,
ela fica.
Faço trivialidades, tu ri disso.
Eu, sempre me sentindo magoado com o mundo
Choro por ver o lençol no chão.
Se me fez em jardim, não precisava pisar
com teus sapatos no meu coração.
Eu vago entre essas chuvas
que te molham ao entardecer
Te vejo se esconder das minhas lágrimas.
Se protege enquanto me machuca.