GRITOS NOTURNOS
Poema de:
Flávio Cavalcante
I
Na calada da noite ouço meus gritos
Torturam-me em profunda profusão
Ascendem os meus maiores mitos
Deitados em minha própria solidão
II
Ouço também o mero balonismo
Com precisão o açoite do chicote
Um bálsamo atarantado pro cinismo
O lençol que por certo cobriu o decote
III
Nesta noite de penumbra tenebrosa
Calo-me diante do meu soluço sufocado
Esmagando minha língua cuspida e raivosa
Reminiscência que estava no passado
IV
Dentes que cravam na fria garganta
Depois do bocejo na visão tão turva
Desmistificando o misto que encanta
Esperando na esquina depois da curva
V
Venha de peito aberto na noite delirante
Com toda vibração de fé trazendo louvor
Com punho na lança afiada e brilhante
Rasteirando o ódio e abraçando o amor