FRONTEIRAS DO AMOR
O amor é um tempo-espaço
com sutis fronteiras.
Cada um de nós risca o traço.
Perigoso é andar nas beiras...
Ao norte fica a amizade.
É para lá que o amor caminha
quando amadurece
e vem chegando a idade.
Ao sul está a paixão.
Quando ela aparece,
e ninguém a adivinha,
perde-se a paz e a razão.
A fidelidade se vê ao leste.
Companheira da verdade,
nunca faz alarde
nem há quem a conteste.
No oeste tem o ciúme.
Sentimento sem perfume,
é todo azedume:
deixa a alma em negrume.
Ao nordeste situa-se o respeito,
um sentimento bem-aceito,
que eleva para o cume
o que se tem de bom e preste.
No sudeste encontra-se a inveja
que não aceita o amor alheio
nem a felicidade de outrem.
Remói por dentro quem a tem.
O ódio vem com o sudoeste.
É força violenta que destrói
sem deixar do amor sinal que reste.
É o sentimento mais feio.
Ao noroeste, o limite é admiração.
Arrebatamento, êxtase, veneração,
quando se faz do outro, herói.
Assim, o amor é arraiano...
confundido, sói acontecer.
Não o tome por engano
para depois se arrepender.