Melancolia XXIX
Admiro tua ausência.
Eu vivo escorando nas paredes
Ajoelho ao chão de madeira e choro.
Alucino, com esses pensamentos que me consomem.
Me deito com o lençol que dormimos
e escondo minha face pálida e olhos pesados.
Eu, que sempre quis ter você,
mudo as letras e apenas sinto doer.
As abelhas me olham.
Consigo ver dentro do meu peito
a saudade que teu nome me causa.
Não escutas o que digo, baixinho.
Abraço o travesseiro, o cobertor,
me aqueço.
Me viro de lado e choro ao lembrar.
Sou uma criança,
sem saber que caminho seguir
Com medo.
Meus pensamentos controlados
quando penso em não viver
Confrontam-se com o meu desejo de você.
E nada vale cá escrever,
pois se está sentindo daí,
eu falhei por não tê-la aqui.
Mas escrevo, como se não houvesse amanhã.
Com meu coração disparado e lágrimas,
como estou agora, escrevo.
As cores que te vestem
Mudam a cor dos teus olhos
Leve e florida quando de manhã
Densa e sentida quando ama.
Eu quero chorar como se estivesse a me olhar
E vê-la me dominar, para que eu a odeie eternamente.
Pois sou assim, um perdido debaixo do lençol.
Escondo minha tristeza nos risos que te dei.
Mas não consigo segurar
mais esse soluço em meu peito.
Meu anseio de sangrar supera a fatídica noite.