UM POEMA NÃO SERVE A NADA.
Um poema não serve a nada,
exceto para denunciar
o desabafo cansado
de quem já não tolera só pensar.
Um poema não é, senão, a súbita espreita do sentimento
preso, espremido, num esquálido jeito de (não) agir
o poema não tem forma, nasce d’um susto, e não vale
se não provoca, se não reflete, se não contribuir.
Há poemas que divagam em redondilhas,
sextilhas, quadras, versos, verbetes,
e que sob a lua, debruça-se à rua, às bermas, às pontes
d’onde lugar nenhum se vê, nem alegria distante.
Poesia pura, como a de Ferreira,
certa magia havia ali - ainda há!
era silêncio, susto, denuncia dor
nos minutos preciosos de Goulart.
Lisboa, Portugal, 17 de outubro de 2017.
Um poema não serve a nada,
exceto para denunciar
o desabafo cansado
de quem já não tolera só pensar.
Um poema não é, senão, a súbita espreita do sentimento
preso, espremido, num esquálido jeito de (não) agir
o poema não tem forma, nasce d’um susto, e não vale
se não provoca, se não reflete, se não contribuir.
Há poemas que divagam em redondilhas,
sextilhas, quadras, versos, verbetes,
e que sob a lua, debruça-se à rua, às bermas, às pontes
d’onde lugar nenhum se vê, nem alegria distante.
Poesia pura, como a de Ferreira,
certa magia havia ali - ainda há!
era silêncio, susto, denuncia dor
nos minutos preciosos de Goulart.
Lisboa, Portugal, 17 de outubro de 2017.