Melancolia XXVIII

Te digo com toda minha calmaria: sem promessas.

Me torturo do mesmo jeito nas noites.

Sonho lúcido com as diferentes dores.

Encaro meu abismo,

olho para os lados e afirmo, estou só.

Pulo de olhos abertos ponderando minha tristeza

em enxergar a lágrima novamente.

As marés vermelhas escorrem de meu rosto.

Conheço as muralhas e cada rachadura

de seu coração.

Simplório beija-flor.

Enquanto abraça as correntes de ar

que entrelaçam seus sorrisos

Estou cá, pedindo a morte.

A conexão dos sete resumida em linhas

que não terminam.

A carne trivial que sustenta a alma

em pedaços inócuos.

Lentamente a existência se desvai

junto às alegrias.

Carrego o fogo celeste dominado

por águas selvagens.

Madrugo doces verdes e planos

que digam a tentar a vida.

Esta noite onde não vejo a lua

Sinto-a que não mede esforços para mim.

Recebe desejos que estremece a gema interior.

A essência cruel que obrigam pássaros

cantarolar pelas noites

Garganteios sublimes em minha companhia

rasgam o silêncio de minha pele.

Assistem-me sentados e brindam a dor.

Observa o escuro ao teu lado no qual

abraça e acarinha meu coração

Modesto em dizer que não chore por sentir

Mas não sorrio por sentir.

Observo o domo que escorre

todas minhas cores.

Gotejam em minha face, súbitamente neutra ao sentir

Fecho os olhos assim como tu fecha,

serenamente lento.

Consigo sentir que controlo o tempo

e teus movimentos, no qual pisco a mania

e esqueço.

Os pés descalços, sujo

Sinto a areia.

Meu sentir se tornando com gosto metálico

E a areia, um rubro que brilha nesta noite.

Ytalo Scharf
Enviado por Ytalo Scharf em 12/11/2019
Código do texto: T6792788
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