Os versos que te dou.
Ouve estes versos que te dou, eu
os fiz hoje que sinto o coração contente
enquanto o teu amor for meu somente,
eu farei versos ... e serei feliz...
E hei de fazê-lo pela vida afora
versos de sonho e de amor, e hei depois
lembrar o passado de nós dois...
esse passado que começa agora...
Esses versos repletos de ternura são
versos meus, mas teus também...
Sozinha, hás de escuta - los sem ninguém que
possa perturbar vossa ventura...
Quando o tempo branquear os seus cabelos
hás de um dia mais tarde revive-los nas
lembranças que a vida não desfez...
E ao le- los... com saudade em tua dor...
hás de reviver, chorando o nosso amor,
hás de lembrar, também, de quem os fez...
Se nesse tempo eu já tiver partido e
outros versos quiseres, teu pedido deixa
ao lado da cruz para onde vou...
Quando lá novamente, então tu fores,
pode colher do chão todas as flores pois
são os versos de amor que ainda te dou.
( Do livro "Meu céu Interior" - 1934)
J.G. de Araújo Jorge.