Minha alma é a alma de um pecador revoltado

Oh morte, quando vais me levar?

Porque preferes levar os que eu tenho apreço ao lugar da minha alma?

Porque o diabo sisma que tenho um contrato com ele, ao me fazer imortal e minha alma ser dele.

Alma tal não em morte, mas em vida,

Profanando meus pecados pelo mundo

Minha forma única e revoltada de ser.

Minha mãe não me manda,

Logo eu a coloco em seu lugar.

Não tenho dívida familiar,

Mesmo que eles tenham me dado a vida.

Sei do que vivi e sofri por causas desses miseráveis.

Por falta de visão do mundo,

Por falta de gana de conquistar as riquezas da vida.

Essas riquezas tais que tomei a força.

Sem herança, sem conselho, sem abrigo e tão pouco sem amor.

Sempre desprezado, menosprezado, roubado os sonhos e asas que ganhei,

Não fruto de algum investimento familiar.

Isso de fato, nunca tive.

Fruto de toda dor, revolta e visão de um lar que visava o porvir pós morte

Do que plantar e colher nessa vida.

Meu irmão jamais saberá o que é isso.

Sou mais pai e mãe dele do que meus pais jamais serão.

E, nessa jornada autoritária, solitária e própria que convivo, vivo com minha alma conquistando tudo,

Mesmo que não quisesse me empenhar e conquistar nada.

Como clamei, como gritei, em minha solidão e depressão

Para a morte me levar.

Oh deusa Morte, me leve, não quero mais viver!

Mas ela cuspiu em mim e disse que o pacto com meus demônios estava feito,

Minha alma nunca pertenceu a mim

E que minha vingança estava selada

De tal, que viram, vêem e verão

Todo o sucesso que conquistei com lágrimas e suor

Das quais sempre desprezei.

Dói, dói dizer adeus a alguém com tamanhos sonhos

A ponto de querer estar em seu lugar

Porque vivo tão intensamente,

Preparado estou para morrer todos os dias.

Não há dívidas, não há pendências a ninguém

Que possa retardar minha partida.

Mas meus sonhos rogam por mim

E dizem que não posso partir ainda.

Meu Deus, que pecador me tornei?

A ponto de alcançar a montanha mais sublime

E não ser atingido diretamente pelas mazelas do mundo?

Não quero que perdoe minha juventude inconsequente

Queria antes que me levasse contigo,

Mas já que não posso partir ainda

Que possa dar frutos para o porvir.

Que meus textos alcancem quem sofre,

Que minha ciência gere muito mais que eu imagino,

Que meu nome seja soprado pelo vento

E que minhas obras não sejam consumidas pelo fogo.

Que essa oração possa ser lida por ti

E que quando for minha hora de partir

E pagar com minha alma o acordo que fiz com meus demônios

Que algo fique,

Meu descontentamento com esse mundo injusto

Que se julga no direito de tirar tantos sonhos tão prematuros

E que a revolta do descontentamento com o status quo

Possa ser algo constante nas gerações que virão."

Thiago Justo
Enviado por Thiago Justo em 10/11/2019
Reeditado em 10/11/2019
Código do texto: T6791599
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