TEMPOS DE NEGAÇÃO

Mergulho no vácuo,

uma imensidão quente,

queima a pele

como brasa.

Vejo fantasmas,

uns me perseguem,

outros eu persigo.

Na verdade,

estamos todos correndo

buscado uma sombra,

temos sede,

ali havia uma floresta,

havia um rio ali.

Além daquelas montanhas

havia uma geleira,

agora as montanhas estão nuas,

um dia,

já se vestiram de gelo.

Ali naquele mar

pessoas caminhavam

havia uma estrada,

agora deixou

de ser um mito,

temos de fato

Atlântidas afundadas.

Nos tempos da negação,

quem acreditaria

que se fosse brincar de havia

aonde não há mais nada.