Cartas jogadas à mesa, amassadas
Não sei o que me deixa mais entorpecido
Tua beleza ou a tristeza de não te-la
A lembrança, o toque do tecido
Aquele abraço, talvez tenha esquecido
Bebendo nessa calçada, quero vê-la
Tentando te enxergar ao longe
Pelas lentes, fundo das garrafas
Tantas eu seco, bebidas amargas
Eu peco na paciência de monge
Quanta fumaça vejo dissipar
em fração de segundo, se cortar
Delirei ao pensar ter visto teu rosto no ar
Também ao criar esta imagem sua
Mas eu desejei ver tua alma nua
A brasa vai se apagando
cinzas se espalhando
E as cartas jogadas à mesa,
Amassadas
Empoeiradas
Minha alma a ti presa
Agarrada
No caderno as linhas entortaram
Aperto os olhos e não creio
as palavras não se formaram
O riso não veio
Não veio a utopia
Nossos corações
Nessas grades, prisões
Parece fobia
Esse coração
Perece em cela fria