Cartas jogadas à mesa, amassadas

Não sei o que me deixa mais entorpecido

Tua beleza ou a tristeza de não te-la

A lembrança, o toque do tecido

Aquele abraço, talvez tenha esquecido

Bebendo nessa calçada, quero vê-la

Tentando te enxergar ao longe

Pelas lentes, fundo das garrafas

Tantas eu seco, bebidas amargas

Eu peco na paciência de monge

Quanta fumaça vejo dissipar

em fração de segundo, se cortar

Delirei ao pensar ter visto teu rosto no ar

Também ao criar esta imagem sua

Mas eu desejei ver tua alma nua

A brasa vai se apagando

cinzas se espalhando

E as cartas jogadas à mesa,

Amassadas

Empoeiradas

Minha alma a ti presa

Agarrada

No caderno as linhas entortaram

Aperto os olhos e não creio

as palavras não se formaram

O riso não veio

Não veio a utopia

Nossos corações

Nessas grades, prisões

Parece fobia

Esse coração

Perece em cela fria

Daniel Jonathan
Enviado por Daniel Jonathan em 08/11/2019
Reeditado em 08/11/2019
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