Meu muro...
Construído aos poucos,
lentamente, devagar...
Com areia, cimento,
medos e vergonhas.
É o muro,
que não nos deixa ver,
que abate as vontades...
Aprisiona os desejos...
Que inquieta nossa alma!
Construído aos poucos,
por nós mesmos,
pela dormência de nossa mente.
É o muro,
que impede a vida
que nos nega a liberdade
e nos sufoca!
Só não nos mata,
porque morremos ao construí-lo.
Invisível muro...
não o vejo
e nem me deixa ver.
Dediquei minha vida
à sua difícil construção.
É o muro,
de concreto
que me protege...
De mim mesmo!
Construído aos poucos...
Lentamente...
Conserva-me,
protegidamente,
Morto!