Esconderijo

Não sei se o sinto ou imagino,

Se o escrevo ou sonho,

Mas, o poema cresce.

Ganha lastro, alastra,

Invade, inquieta e acalma.

Porque é parte da divina arte,

Porque é tudo que me cabe

E se ouso ser entusiasmos

É que sei haver um esconderijo

Onde moram segredos e medos,

Onde habitam versos amorosos

De noites ardentes,

Leitos de tranquilidade.

Porque me tira o sono, mas, dá a paz.

Estremece a alma, mas, brotam sorrisos

Que fugiram de mim

Abandonaram meus próprios esconderijos

Porque já fomos iguais

E há de se haver uma saída,

Uma chance, um tempo-espaço único

Em que os corpos se encontrem e se abandonem

Em que as palavras se desnudem,

Se desejem, se consumam.

Há de haver a liberdade do verbo

Fazer

Sem que haja pudores

Ser

Estar

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Alcançar o novo e sair das cavernas

Não voltar à escuridão

O tempo de se esconder é findo

E a entrega começa ao darmos as mãos.