A mulher diante do espelho
Assim as mãos foram envelhecendo.
Perdi o gosto pelos anéis e
Os brilhantes que se enfeitavam
Com os meus dedos.
Os colares de pérolas
Que se debruçavam no meu pescoço,
E usavam a minha pele
Para o seu melhor espetáculo,
Foram ficando pálidos, encabulados
Pela companhia indiscreta do tempo.
Alguma coisa foi acontecendo ao meu sorriso,
Ou os meus olhos pálidos, não discerniam a amargura?
Por onde se perderam os anos da juventude
Que eu acreditava, não acabarem jamais?
Me vejo agora, como uma noite pálida
Que não faz vibrar as marés.
Os marinheiros não se curvam mais
Ao me ver passar.
Sou um olhar indignado meditando no espelho.
A juventude é um pássaro que só gorjeia uma vez!