VIDA MANDRAKE

Salto alto, toque, toque

Rápido retoque na maquiagem

Tique, taque, tique taque

Acertou os ponteiros,

Relógio importado falsiê, de araque

Quase teve um ataque

Ficou pra lá de Bagdá

Nova crise de TOC

Por pouco não perde o trem

Sacou o leque na bagagem

Pediu ao garçom um conhaque

Certas horas faz bem

Procurou um espelho

O reflexo de qualquer badulaque

Alguém da claque tem?

Confere o batom e o cabelo

O laque, a escova, tanto truque

Necessário a ser destaque

Já fora capa de Almanaque

O de número cem

Nua em pelo

Pura ilusão

Vida Mandrake

Sonhou igual a tantas meninas

Crescer além das esquinas

Não depender de contracheque

Desfilar em Cadilaques

Foto nas vitrinas das boutiques

Desejo dos moleques

Tempos dos não me toques

Hoje anda a reboque

Às vezes um pileque

Fazendo cortina, coisas assim

Passada a ilusão

Que triste fim

Vida Mandrake

Não tocam mais violinos, nem atabaques

Quando ela vem...

Cadê os rapazes de fraque

Chamando-a de meu bem

Já foi moça chique

Convescote, jamais piquenique

O maquinista solta o breque

Maria-Fumaça chocoalha

Ensaia seu falso sotaque

Quase se atrapalha

Outro drinque, monsieur

Puxa assunto, ajeita o coque

O Senhor me conhece

Talvez a TV, já posei pra “reclame”

Garçom cofia o cavanhaque

Pardon, madame...

Nada de chilique, sem piripaques

Não carece

A vida é mesmo assim

Muita ilusão

Meio Mandrake

Pedro Galuchi
Enviado por Pedro Galuchi em 01/11/2019
Reeditado em 01/11/2019
Código do texto: T6785035
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