VIDA MANDRAKE
Salto alto, toque, toque
Rápido retoque na maquiagem
Tique, taque, tique taque
Acertou os ponteiros,
Relógio importado falsiê, de araque
Quase teve um ataque
Ficou pra lá de Bagdá
Nova crise de TOC
Por pouco não perde o trem
Sacou o leque na bagagem
Pediu ao garçom um conhaque
Certas horas faz bem
Procurou um espelho
O reflexo de qualquer badulaque
Alguém da claque tem?
Confere o batom e o cabelo
O laque, a escova, tanto truque
Necessário a ser destaque
Já fora capa de Almanaque
O de número cem
Nua em pelo
Pura ilusão
Vida Mandrake
Sonhou igual a tantas meninas
Crescer além das esquinas
Não depender de contracheque
Desfilar em Cadilaques
Foto nas vitrinas das boutiques
Desejo dos moleques
Tempos dos não me toques
Hoje anda a reboque
Às vezes um pileque
Fazendo cortina, coisas assim
Passada a ilusão
Que triste fim
Vida Mandrake
Não tocam mais violinos, nem atabaques
Quando ela vem...
Cadê os rapazes de fraque
Chamando-a de meu bem
Já foi moça chique
Convescote, jamais piquenique
O maquinista solta o breque
Maria-Fumaça chocoalha
Ensaia seu falso sotaque
Quase se atrapalha
Outro drinque, monsieur
Puxa assunto, ajeita o coque
O Senhor me conhece
Talvez a TV, já posei pra “reclame”
Garçom cofia o cavanhaque
Pardon, madame...
Nada de chilique, sem piripaques
Não carece
A vida é mesmo assim
Muita ilusão
Meio Mandrake