Canibal

Na atividade no cume do morro,

De guarda Igual um cachorro:

"Aí neguin, lombrô!".

O invasor vem de além-mar,

Como sempre sua intenção é má…

Conheço os tipos dessa cor.

Faço então sinal de fumaça,

É real a ameaça:

"Atividade meu cacique!".

Arco e flecha, coisa do passado,

Os índios agora tão pesado...

É: "Click, cleck, cleck, click.

Chegada a hora que o punho cerra,

Pintura e canto de guerra…

O cachimbo aqui não é da paz.

Pela etnia que tanto nos odeia,

Massacrarão nossa aldeia…

Como a dos kaiowás.

Me lembro bem do aviso do pajé:

Vieram roubar a nossa fé...

Cultura, recurso natural.

Mas a área é demarcada, não siga!

Tá nas paredes nossa a sigla...

Nossa insígnia tribal.

Aqui vivemos totalmente nus,

Sem água encanada ou luz…

Ocas inacabadas de compensado.

É tudo que eles nos dão,

Se não nos tratam como cidadãos…

Não temos que ser civilizados.

Tenho instinto canibal,

Quando brotar bau-bau…

Sua lei aqui é inválida.

Fazer escambo o escambau,

De Cabral a Cabral…

A morte tem a cara pálida.