SONETO DA INSÔNIA
a solidão da noite é aquela que se firma
como se se alimentasse do escuro e da aflição
que se tem quando tudo morre e o silêncio se confirma
o ar rarefeito turva a vista e contorce coração
quanto tempo tanto tempo sobre o leito
que a espinha letárgica não transmite às pernas
a alforria que estas tanto esperam e têm direito
mas que agora sucumbem à paralisia eterna
tanto tempo e não são nem três
horas da madrugada que não finda
e parece não ter pressa
quanto tempo tenho dessa vez
se nem três são ainda
e a aflição não cessa?