MONÇÕES DO OCASO

Não há veredicto de acaso,

No cenário de ocaso em tudo,

A morte, quiçá, seja o traço

Dum poema de versos ocultos.

O ninho que despenca do galho

De lama o pássaro imundo

O grunhido que soa ao laço!

Passaredo num céu já em luto.

A chama que rasga a cortina

Da fumaça das podridões!

Carbono ao léu é a sina...

A rima das corrupções.

Estrela cadente sem rumo...

No arrecife a apagar

Seu brilho no mar taciturno

Tristeza... na vida a resfolegar.

A concha desfeita no ácido

Da chuva que esqueceu como ser

A dádiva que chove ao descaso

No ato de se apodrecer.

Não há o acaso no ocaso

Na Âncora das abominações!

Destino incerto é o traço

Da rota, poema em monções.

E o tempo que não sabe de nada

Alheio às degenerações...

Só passa a ventar para o nada

Deixado às demais gerações.