SOB A TARDE
Eu estou sentado sob a tarde cinzenta.
Venta um vento que venta e não venta
— que se apresenta e não se apresenta…
E ele cria este intervalo que se movimenta
dentro de uma engenharia do nada, lenta,
feito se tudo parasse sobre a hora suspensa.
Nem um carro passa. Nem uma alma terrena.
Vejo o varal vazio de um e de outro não poema.
Se deito sob a seda transparente de tua presença,
toco no céu malhado e me prendo nesta sentença
de alojar a minha vida entre o colo doce dos seios
(tua pele de neve) e o apocalipse now dos teus beijos.
O ocaso já rodopia na fresta da linha quase magenta.
— E eu estou sentado sozinho sob a ex-tarde cinzenta