Passarinho na gaiola...
Passarinho na gaiola...
Posso ouvir seu canto, aliás, você está sempre no seu canto, cantando, cantando, cantando...
Passarinho na gaiola...
Posso ouvir o seu clamor, afinal este teu canto não é de alegria, mas de dor.
Te roubaram o espaço,
Desqualificaram suas asas,
Tu não tens mais o céu por teto nem por amplidão.
Te confinaram numa jaula, numa pequena cela, por um crime que nunca praticaste.
Na impossibilidade de bater as suas asas, as asas da liberdade, e voar...
Só te resta uma possibilidade de toda a sua energia extravasar...
Cantar.
Mas este teu canto, repito, não é canto de alegria, tampouco de contentamento.
No cumprimento desta tua sentença, por um crime que não cometeste, foste condenado a prisão perpétua, num cubículo que não condiz com a liberdade que a natureza te propôs.
O teu cantar, triste passarinho, é o que te restou para dar vazão à tua adrenalina e a toda energia que a criação te dotou.
Se não podes mais passear pelos campos, se te toliram da possibilidade de reinar nas matas e encantar os que ouvem a melodia da criação, canta passarinho, para que não enfartes pela tamanha dor neste teu pequeno grande coração.