TUMBEIRO

Pássaros voam em círculos
Do alto enviam sinais.
Arrecifes, bancos, velas
O homem e suas mazelas
A porta do nunca mais.
Ao largo um barco que aderna
Imprecações, gritos, ais
De tão preciosa a carga,
Ouro, fumo, gente, pano,
Que o tumbeiro carrega,
Não pode o barco adernar.
Ao singrar pelo oceano,
Ao largo um barco que aderna,
Vidas, planícies, campos, serras,
Ai que saudades que tenho,
Saudades da minha terra....
O vento venta mais forte,
Mais forte as imprecações,
Mais forte sopra o vento,
Relâmpagos, raios trovões.
Por mais alto que se grite,
Quem distante os ouvirá ?
Distantes já gaivotas,
Martim pescdor, atobás;
Só restam ao largo no Atlântico,
Peixes grandes, tubarões,
A lhes ouvir, a espreitar,
Seguem a dança do vento,
E o tumbeiro a adernar.
Não tarda muito o momento
De naquele movimento
O tumbeiro naufragar.
Ai meu Deus....
Ai pensamento...
Tão distantes e Tão presentes
Se fazem esses momentos.
Arrecifes, bancos, Velas...
Do Alto enviam sinais,
O homem e suas mazelas,
A porta do nunca mais.
Ai meu Deus,
Ai meu Deus,
Ai pensamento!

Fátima Trinchão
Enviado por Fátima Trinchão em 26/10/2019
Reeditado em 07/03/2024
Código do texto: T6779817
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