LAMENTO
Me desculpe seu doutor
O Jeito de Me expressar
Minhas palavras são toscas
Não consegui estudar
Eu nasci lá no campo
Fiz do roçado o meu canto
E ainda estou por lá
Lá eu não disponho
De nenhuma granfineza
Ter fé em Deus e coragem
É toda minha riqueza
Pois sou fruto da desigualdade
Que impera na sociedade
Construída pela nobreza.
Seu doutor a minha história
Estar escrita em minhas mãos
Cada marca é um verso
Cada calo é um refrão
Dessa vida tão maltratada
Que o senhor sabe mais não faz nada
Pra ajudar o meu sertão.
Lá a chuva já não cai mais
Tornou-se escasso o pão
Onde antes era um belo rio
Hoje nem lama tem mais no chão
Só peço a Deus piedade
E que os homens de boa vontade
Se lembrem do meu sertão.