DEUS E SEUS EUS

No meio da mata

A árvore ôca,

Esconderijo de salteadores.

Tão velha, tão breve, alta e tosca

Que o vento e o eco brada em dissabores.

No meio do tempo

A vida inda pouca

Para viver todo o torpor dos amores.

Tão velha, tão breve, alta e fosca

Que o sol a ilumina entre folhas e flores.

No meio de tudo o corpo que sangra,

Olhos esquecidos qual sonho infeliz.

E nada supera o verbo errante

Que teima fincar no eterno a raíz.

Gilberto de Carvalho
Enviado por Gilberto de Carvalho em 25/10/2019
Código do texto: T6779154
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