Pedido à tristeza

Não aparta de mim por um todo

Não aponta o dedo pra minha desconfiança

Pois ao todo me demito por justa causa

Por não ter alegria no peito - nem fora dele.

Quando eu saio a encontro

Nas curvas e sinuosas ruas

Nos cantos dos bares e igrejas

No olhar agora ao espelho do retrovisor.

Quando me forço a encará-la

Tudo digo ou nada sei

Finjo ser feliz um pouco

Mas destemida sei, não sou

Tremem as pernas e mãos

Quando o medo achega-se morno

É frio nos pólos de minh' alma

É desencanto nos reinos meus mágicos

É domingo à noite na senda do desespero.

O nada me aparta

Eu não te amo nem rogo que fique

lhe sinto devagar e vagarosa em cada célula

Dói meu estar, importar, desamo -a e desamo-me ao todo

E o toque não significa nada no momento.

Pelo menos hoje me demita, regurgite,

Jogue fora

Teu desprezo à mim é irreal

Dá -me atenção e me amas tanto

Que não sei como me livrar.

Quem de nós duas merece ficar?

Ligeia Amanna
Enviado por Ligeia Amanna em 24/10/2019
Reeditado em 07/08/2023
Código do texto: T6778423
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