NÃO TENHO ALGEMAS

Fui menina,

rebelde, traquina, barulhenta...

Mulher hoje sou.

Laboriosa, complicada,

parideira,

dona de casa.

Ardo em orgasmos,

arquejo em lágrimas.

Apolo me fascina,

me faz musa de seus versos,

deusa do seu leito.

Sou refém das fantasias,

atriz de todos os papéis.

Mostro-me catita,

jogo a sedução

e acho-me bonita.

Os sonhos

habitam meus cantos,

ouriçam as entranhas.

Rendo-me aos desejos.

Aos detalhes

entrego-me inteira,

na busca de mim mesma,

pois não tenho algemas

nem porteiras.

Genaura Tormin
Enviado por Genaura Tormin em 05/11/2005
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