FEITO LUSTRE

O morrer só vale aqui

E pra quem fica.

Quando se vai, não se sente mais

Não há mais o depois, depois do sofrimento

Quando o nó na garganta aperta

O flutuar é apenas uma conexão com o cosmos

E as palavras são apenas choro salgado.

O que vai, fica no coração.

O que fica, se esvai na mente.

Quando se esgota

dança a dança da vida

E se pendura como lustre

E ilumina feito lâmpada.

Depois, vira céu, vira Divindade.

Mas aqui não vale.

Aqui o santo não faz milagres.

Só lá. E lá é muito longe.

E milagre de lá não vem.

As preces daqui não chegam.

Igor Honorato
Enviado por Igor Honorato em 21/10/2019
Código do texto: T6775358
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