FEITO LUSTRE
O morrer só vale aqui
E pra quem fica.
Quando se vai, não se sente mais
Não há mais o depois, depois do sofrimento
Quando o nó na garganta aperta
O flutuar é apenas uma conexão com o cosmos
E as palavras são apenas choro salgado.
O que vai, fica no coração.
O que fica, se esvai na mente.
Quando se esgota
dança a dança da vida
E se pendura como lustre
E ilumina feito lâmpada.
Depois, vira céu, vira Divindade.
Mas aqui não vale.
Aqui o santo não faz milagres.
Só lá. E lá é muito longe.
E milagre de lá não vem.
As preces daqui não chegam.