O algo que me mata

Há algo o qual eu gostaria de escrever

Algo sobre fumar um cigarro em uma roda gigante. Sozinho.

Ou sobre as tristes faces de idosos em mercados.

Há algo o qual eu gostaria de escrever

Sem nome, sem passado ou futuro

Presente. Profundo.

Esse qual que por muitos vem a mim tratar

Drogas para tratar as drogas

Sorrisos que machucam

Em passos lentos que vagam na ideia do futuro.

Há algo o qual todos precisamos tratar

Ou se não continuaremos a morrer

de cirrose

E teremos que manter esse sorriso doloroso

Entre passos que já não mais se movimentam.

Mãos sem caricias

Uma garganta inflamada. Sem voz.

O sufoco do cair da noite

A frustração dessa nova manhã.

Mas é claro que o sol vai nascer mais uma vez!

Quanto mais vezes hei de nascer?

Algo deve morrer para que se nasça.

Pessoas morrem em vida e após ela

Quantos são os que já vivem mortos?

Devemos fugir de toda essa incerteza das palavras

Do olhar sobre a dor atrás de toda beleza

Desse existencialismo que impede a existência

Dos copos de

Bebidas fortes

Que são tudo

que nos resta.

Petito
Enviado por Petito em 19/10/2019
Código do texto: T6773613
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