O algo que me mata
Há algo o qual eu gostaria de escrever
Algo sobre fumar um cigarro em uma roda gigante. Sozinho.
Ou sobre as tristes faces de idosos em mercados.
Há algo o qual eu gostaria de escrever
Sem nome, sem passado ou futuro
Presente. Profundo.
Esse qual que por muitos vem a mim tratar
Drogas para tratar as drogas
Sorrisos que machucam
Em passos lentos que vagam na ideia do futuro.
Há algo o qual todos precisamos tratar
Ou se não continuaremos a morrer
de cirrose
E teremos que manter esse sorriso doloroso
Entre passos que já não mais se movimentam.
Mãos sem caricias
Uma garganta inflamada. Sem voz.
O sufoco do cair da noite
A frustração dessa nova manhã.
Mas é claro que o sol vai nascer mais uma vez!
Quanto mais vezes hei de nascer?
Algo deve morrer para que se nasça.
Pessoas morrem em vida e após ela
Quantos são os que já vivem mortos?
Devemos fugir de toda essa incerteza das palavras
Do olhar sobre a dor atrás de toda beleza
Desse existencialismo que impede a existência
Dos copos de
Bebidas fortes
Que são tudo
que nos resta.