REQUIÉN
No silêncio lúgubre da noite, parto,
Sem levar bagagem, vou seguir sozinho,
Ouço das brancas paredes do quarto,
O indefinido adeus, que murmuram baixinho.
Adeus mundo que me desprezastes,
Que nas horas tristes, me espezinhavas,
E tu amigo, porque me abandonaste?
Quando mais de ti eu precisava.
Trago no peito a dor que esmigalha,
Lentamente a alma que agoniza,
E quando já envolto em fria mortalha,
A pálida face vem beijar-me a brisa.
Permita Deus antes que eu parta,
Meu último, meu carnal desejo,
Sentir ainda aqueles lábios quentes,
No mais longo e apaixonado beijo.
Adeus, breve vida minha,
Mar de prantos e lamentos,
Sofri por ter amado tanto,
E só ter encontrado fingimento.
***************