REQUIÉN

No silêncio lúgubre da noite, parto,

Sem levar bagagem, vou seguir sozinho,

Ouço das brancas paredes do quarto,

O indefinido adeus, que murmuram baixinho.

Adeus mundo que me desprezastes,

Que nas horas tristes, me espezinhavas,

E tu amigo, porque me abandonaste?

Quando mais de ti eu precisava.

Trago no peito a dor que esmigalha,

Lentamente a alma que agoniza,

E quando já envolto em fria mortalha,

A pálida face vem beijar-me a brisa.

Permita Deus antes que eu parta,

Meu último, meu carnal desejo,

Sentir ainda aqueles lábios quentes,

No mais longo e apaixonado beijo.

Adeus, breve vida minha,

Mar de prantos e lamentos,

Sofri por ter amado tanto,

E só ter encontrado fingimento.

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Pethrus
Enviado por Pethrus em 18/10/2019
Código do texto: T6772964
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