ABSTRATA

ABSTRATA

lílian maial

Na mente

é onde escolho a loucura

do dia,

do verbo,

da vez.

Traço apagado na tela,

natureza adormecida,

água-viva,

medusa,

menina.

Escrevo poema para poucos

(números abstratos)

e sonho

com a rua,

a roupa,

a rede.

Peixe que sou

alada,

calada,

encapada

(pálida escama),

meu destino é mar,

poema de areia,

pó de pedra,

alga e capim.

Mundana,

meu sentimento urbano

é imundo.

Eu sou assim:

abstrata, vazia, mal escrita,

como um rascunho

de mim.

Lílian Maial