Perdendo-se
Era um livro simples, de poucas páginas,
à julgar o seu conteúdo,
nada havia que impressionasse,
por ele ninguém daria um vintém,
ali jogado, e meus pensamentos,
coberto por folhas secas,
mas, quando chovia, sentia
as lágrimas escritas neles escorriam,
nas tolas palavras, que nada diziam.
Olhos grudados nas nuvens,
perdendo-se na falta de azul do céu,
e o sol em outro lugar, feito pintor caprichoso
aos poucos daria o tom ao entardecer.
E não é no poente onde tudo acontece,
e sem pressa a noite chegava,
enquanto alguém pensava em você.