Use suas sombras
(Eu nem sempre sei quem sou
Nem o que esperar
Vou caminhando sem saber onde chegar
Viver a incerteza
Suar para só então tranquilizar
É admirar a beleza
Antes que essa venha a me matar)
Enquanto remendo minhas asas
Daquele voo que não perdurou
Marcas e lascas foi o que perpetuou
Preparo o próximo salto
Mesmo ao cair, sentir o gosto salgado
As águas não são mais tão frias
Não tremo no ato
E na luz que irradias
Não rumino o quão alto
Alcancei
No baque não me desfaço
Não desenho na areia
Nem mergulho no raso
E a escuridão que permeia
Deixando as aguas negras
Afim de adentrar a garganta
Torna trevas incertas letras
Eu lhe cedo espaço
Pois ela é como aço quente
Que martelo, esfrio e afio
E nas guerras que vem a frente
A usarei de forma inerente