NÃO ME CANSO DE TE ESPERAR

Sabe aquela dor no peito

Que não é angina,

Mas que dói tanto quanto,

Como se o coração, antes inteiro e perfeito,

Fosse explodir, caindo pelo chão, desfeito?

Sabe aquele jeito

Que a gente fica quando imagina

Como teria sido

Se o teu sorriso charmoso e todo o teu encanto

Jamais tivessem atravessado o meu caminho

E depois desaparecido?

Sabe aquelas noites difíceis

Em que a saudade te assalta

E, madrugada alta,

Não concilias o sono,

Porque o total abandono

Se faz teu dono,

Te exigindo tristeza e pranto

E, em desencanto,

Te pões a ouvir uma melodia triste

Que te faz perceber que já não existe

Aquele amor de ontem...

E te oprime a solidão,

Quase te roubando a razão?

Tenho saudade, sim,

Que me fere que nem punhal

Cravando em mim, seu afiado metal

E nesta noite, em especial,

O corte está bem mais fundo,

A dor está maior que em outras noites...

São tantos os açoites

Desta saudade, desses desejos não realizados...

Acho que nada foi real,

Que foi tudo inventado,

Que tu nunca exististe...

E esta constatação triste

Quase me faz desvairar...

Saudade, tanta, do brilho do teu olhar

Que sobre mim pousou

Ou, talvez, que meu coração inventou,

Mas que agora, não importa, já se apagou,

Embora te sinta ainda dentro de mim...

Acho que foste apenas uma ilusão a que me agarro

Para não encarar este vazio, enfim...

Sei que esta saudade não tem solução,

Que há coisas que a gente não muda

E que por mais que eu me iluda,

Melhor será aceitar

Que mesmo que você tenha existido,

Não vai mais voltar,

Embora eu não me canse de te esperar...

Ouvindo Fabio Concato - Non smetto di aspettarti (con testo)

https://youtu.be/o2L9v5ywjKA