Melancolia XIX
Basta um gole de amor para sentir
que estamos vivos.
Um toque para sentir arrepios.
Bebo o nada que sinto
A mentira que crio ao mentir.
Fantasmas agora rosnam e derrubam
copos na cozinha para chamar-me a atenção.
Se fujo, vivo.
Se fico, vivo.
Diferentes jeitos maliciosos de enganar.
E logo tu, que saltas tão bem
Engana o coração.
Te fizera raio de luz que adentra meu peito
E sufoca as linhas que não me largam teu nome.
Vivo a enganar-te,
pela arte que minto ao te sentir de longe.
A bela mentira que diz ao comentar
que chora quando choro pelo devaneio.
Masmorras verdes lamentam nossas fugas.
Do culto a implorar aos céus ambíguos desejos.
Olham-se
Sem perceber a luta interior,
riem calorosamente pelo sentir.
Juntam laços de cetim
Bordam caixas de sapatos
Amam-se até o fim
Mentem que sentem muito.
A face de dentro,
dentro do que está vazio.
Leiam-me e sintam!
Engula o choro por ser fiel a ti
em teus sonhos sofridos.
Pois eu já sou o afastado de seus pensamentos
Que lamentas por tentar sentir
o que não sinto mais.
A ternura de queimar a pele ao Sol.
De sorrir, sem motivo algum,
sem lacrimejar.
Vertendo meu sangue ao chão..
Estou aqui,
comprimindo meu peito da dor.
Me embebedando de pesadas lágrimas
Sentindo a mentira que sou
Me transbordando de teu saliente gosto selvagem.
Sem brio pelas flores, lamento.