É assim que eu sou.
Rio, 11.10.2019.
É assim que eu sou.
Eu sou ponto fora da curva,
Sol com chuva, casamento de viúva.
Eu sou assim:
Uma Pedra bruta,
Revestida com a suavidade
Do toque de cetim.
Eu sou carne de pescoço,
Angu que tem caroço, um contínuo esboço,
um velho moço.
Eu sou assim:
Um vento que circula
Entre Tijuca, Seropédica
E o Camorim.
Eu sou a letra da canção,
Um útil sem função, o xeque-mate de peão,
Eu sou assim:
Um subcidadão,
Nessa subnação tupiniquim.
Eu sou ponto cego no retrovisor,
Do tipo que quando se vê já chegou,
Eu sou vela num barco a motor.
É assim que eu sou.
Clayton Márcio.