TEMPO, TEMPO, TEMPO, TEMPO

"para a mina de fases que tatuou rosas"

Deixar ir

talvez o sentimento, talvez a cidade.

Deixar que se perca entre os muros, os edifícios que nos circundam.

Deixar-se perder, o tempo, a vida, o sentimento

como que procura por ti nas latas de lixo espalhadas, em cada bueiro sujo

da cidade.

Deixar ir

perder-se

te perder

reencontrar

eu

a mim

de outra forma, de outro jeito

feito faca de dois gumes, perpetuar-se no outro lado, naquele que você não existe.

Pois – e somente -. Somente:

Te deixo ir, fujo dos teus descampados, das tuas planícies, do teu magnetismo.

Daqui, deste lado, o lado de cá, de Cronos.

Cronos espaço, Cronos tempo, Cronos terra.

Cronos transformado em Kairós.

Eu transfigurado pela simples ação de deixar ir

você, o que não me serve, você que me afugente.

Deixei ir três amores, três homens, três amigos, uma irmã...

Agora

Deixo ir Cronos e junto com ele você.

Sou Kairós.

Oportuno, instante-agora, já, quando deixo-te ir.

Jailson Anderson
Enviado por Jailson Anderson em 11/10/2019
Reeditado em 16/04/2020
Código do texto: T6766482
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