Carteiro de Seattle II

Um homem humilde,

tão humilde e carpinteiro

como o próprio pai de Jesus,

decidiu entregar uma carta a Deus.

As crianças da escola do bairro

ajudaram no pedido

e o encorajaram com seus risos

e lhe deram força

com a ledice de seus abraços.

Perguntaram: por quê?

Porque eu posso, respondeu,

porque eu posso

Subir lá em cima e ver a beleza

que ninguém pode ver.

Eu tenho que fazer isso.

Ele subiu onde

o pombo-correio

jamais conseguiria

planar.

Obstinado

escalou montanha

a montanha,

todos os picos

até o mais alto

e, cansado,

chegou com a carta

a seu destino:

ele encontrou Deus

no topo do Everest.

Riu, chorou.

O Senhor

retribuiu e fez uma proposta.

O carteiro não respondeu.

Estampou um sorriso ameno

para refletir a luz

daquela manhã fria na sua face

e meditou sua palavra.

Muito cansado

sentou para contemplar

a beleza que ninguém pode ver,

suspirou profundo

e continuou a sorrir

ao perceber a timidez do sol

escondido sob as nuvens.

Agora ele tinha as asas do desejo

em suas costas. Fechou os olhos

e aceitou a proposta de Deus.

Grouchesco
Enviado por Grouchesco em 10/10/2019
Código do texto: T6765931
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