INFÂNCIA PERDIDA

Criança pobre...Pobre criança!

Perdeu, ao léu, toda esperança.

Na calçada, mão estendida,

demostra expressão sofrida.

Sulcos limpos riscam seu rosto,

feitos de água, sal e desgosto.

O farol abre...Carros seguem,

indiferentes ao seu sofrer.

De repente, viro a esquina,

estaciono e vou assistir ao seu viver.

Chego perto e a chamo

para mitigar sua fome.

Pergunto, delicadamente, seu nome

e me ofereço para levá-la a algum lugar,

num arroubo de piedade, seu sofrimento cessar!

Com medo, ela mostra uma mulher

a espreitá-la, ao longe

e me afirma que não pode, sua "dona"

vai castigá-la e o rostinho, então, se esconde!

Tem que levar dinheiro,

nem que demore o dia inteiro,

comida, mesmo, nem aceitar!

Num gesto impensado,

faço o "totalmente errado":

dou-lhe moedas, "um trocado"

para, assim, a contentar!

De volta ao carro, olho no espelho

e vejo dois sulcos molhados em seu rosto.

Minha alma, impotente,também se cobre de desgosto!

Criança pobre...Pobre criança!

Perdeu, ao léu, toda a esperança!

(Ao presenciar um caso assim, ligue urgente para o Conselho Tutelar )

Mariany Goncho
Enviado por Mariany Goncho em 09/10/2019
Código do texto: T6764819
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