INFÂNCIA PERDIDA
Criança pobre...Pobre criança!
Perdeu, ao léu, toda esperança.
Na calçada, mão estendida,
demostra expressão sofrida.
Sulcos limpos riscam seu rosto,
feitos de água, sal e desgosto.
O farol abre...Carros seguem,
indiferentes ao seu sofrer.
De repente, viro a esquina,
estaciono e vou assistir ao seu viver.
Chego perto e a chamo
para mitigar sua fome.
Pergunto, delicadamente, seu nome
e me ofereço para levá-la a algum lugar,
num arroubo de piedade, seu sofrimento cessar!
Com medo, ela mostra uma mulher
a espreitá-la, ao longe
e me afirma que não pode, sua "dona"
vai castigá-la e o rostinho, então, se esconde!
Tem que levar dinheiro,
nem que demore o dia inteiro,
comida, mesmo, nem aceitar!
Num gesto impensado,
faço o "totalmente errado":
dou-lhe moedas, "um trocado"
para, assim, a contentar!
De volta ao carro, olho no espelho
e vejo dois sulcos molhados em seu rosto.
Minha alma, impotente,também se cobre de desgosto!
Criança pobre...Pobre criança!
Perdeu, ao léu, toda a esperança!
(Ao presenciar um caso assim, ligue urgente para o Conselho Tutelar )