SUBLIME CRIAÇÃO
Na tarde dourada de setembro,
quando o sol, em delírio, se debatia,
sentava-se numa pedra, eu me lembro,
um poeta e consigo dizia:
"O que poderá meu Senhor,
nesta terra que criaste,
ser tão infinitamente mais belo
do que o céu que agora douraste?"
E Deus como a querer mostrar-lhe
que quando quis tudo pôde,
Fez desaparecer o astro-rei
e desceu as estrelas da noite...
Fez surgir a lua, então,
banhando de prateado
toda sombra ao redor
do poeta, que olhava extasiado!
"-É verdade, meu Deus! Disse ele.
Tu bem o provaste agora,
que sempre me mostrarás
tudo, até o nascer da aurora!"
E com seu real desejo,
crendo firme no que diz,
faz um sinal às estrelas
e o dia renasce feliz!
"Não disse?" Falou insistente
que em versos tudo dizia.
"-Depois da natureza plena
terminam as dádivas,
Tua mão ficou vazia!"
E Deus, num sopro divino,
passando por mares, florestas,
cascatas e belezas tantas,
inspirado por aquele instante,
mostrou-lhe sua oitava maravilha:
ali, por sobre uma pedra,
sorrindo, beleza inocente,
uma jovem aleita seu filho,
colo materno o embalando docemente!