A casa de vidro
A casa de vidro que ergui e habito
não tem teto, nem porta, nem trinco.
Nela assim pra acabar, só eu fico
ou grito alguém, como no vizinho.
Na casa de vidro que ergui e habito
se revira noite e dia, aos contratempos.
Suas paredes refletem amigos
e uma vala de posses e lamentos.
Sem telhas, o mundo lhe cai violento.
Pra ela cedo se imigra iluminado,
tarde se a deixa mudo e desatento.
A casa conecta mas não se liga.
Nas paredes de luz fria que prendem,
amigos e coisas recrio sem tinta.