À sombra dos olhos mortais (I)

Tórrida tempestade de ventos uivantes,

De gotas lancinantes que pareciam uma só,

Cortavam o espaço silencioso,

Imprimindo-lhe um som único e desconfortável.

O chão sorvia o líquido que derramava-se,

Tramando um balé de cristais líquidos soltos no ar;

Suspensos pelo céu escurecido por pesadas nuvens,

Negras nuvens intempestivas...

Tortos raios iluminavam o espaço,

Rachando-lhe em pedaços numa fração de segundos...

Parecia uma eternidade...

Quando o chão tremia ao som do trovão,

Tilintavam os cristais ameaçando partirem-se

Em mil cacos sonoros...

Um estampido seco irrompe a madrugada!

Um único e solitário som grava sua voz na noite.

Por um instante percebe-se que o silêncio reina

Pleno e absoluto...

Simultaneamente um eco seco e abafado

Anuncia a queda de um corpo inerte...

Do seu peito corre um risco rubro, delgado...

Molha seu rosto a chuva,

Lava-lhe a alma...Escorre-lhe o sangue.

Valter Pereira
Enviado por Valter Pereira em 01/10/2007
Código do texto: T676415
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