purificação

adormecer e sonhar contigo

tanto quanto clichê, me odeio por isso,

perder o sono olhando a TV

ver a dor me vencer enquanto te assisto,

me castigo quase como se gostasse

pensado bem, é uma hipótese,

como quando pedia, arranha mais forte

teu sorriso dizia _ menino, menino

não brinque com a sorte,

quando futilidades não mais suficientes

me consumirem, vou sumir pra bem longe,

diferentes cidades, cheias de gente

uma foto tirada com um monge,

quanto ao monte de tralhas deixadas

joguem na primeira caçamba,

não voltarei nem pela mulher amada

muito menos pelo samba, farei por mim mesmo

compor na varanda, por pura vaidade

sem medo até dos meus medos,

não que antes me importasse

ser humano egoísta por natureza,

amor, quando for, já vai tarde

prefiro sentar-me sozinho à mesa,

bater um bom papo com minhas doenças

rir de suas histórias não tão engraçadas,

abrir mais um maço numa noite de sexta

fazer da escória um cão das calçadas,

sempre de vigia e com um pé atrás

sem dar o braço a torcer, desentendo ironia

ingênuo demais, apanhar e esquecer

vocês são capazes?! vidas vazias

geração de incapazes, tapa esse nariz e engole

desde quando passar por atriz virou hobby?

é tanta coisa a ser dita engasgada,

mas deixe ser, só por hoje lá em casa

pouca roupa, se dispa e me agarra

cala minha boca, me beija e me abraça,

perde-se a calma ao fingir ser racional

amarra-te a cama, por amor animal

sujar-me na lama buscando purificação,

me ama e me engana, pura lei da atração.

R Lelis
Enviado por R Lelis em 07/10/2019
Reeditado em 30/06/2021
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