MEDITAÇÕES...
Não sei mais o que faço, nem do verso
Eu sei o que fazer neste momento
Sinto no corpo todo, frio vento
Da vida a me dizer do universo...
Olho no espaço, tempo tão perverso
Dois pássaros num galho em movimento
Cantando muitas vezes um lamento
Em mim que não traduzo o adverso...
Mas sei... A natureza sempre canta
Numa linguagem própria que encanta
A quem a observa sem receio...
E ela, mesmo em franco dissabor
Jamais é triste, insiste, tom e cor
Em seu amor fiel ao ser alheio...
Não sei ainda mesmo o que fazer
Talvez eu faça que um verso a toa
Em mim seja qual pássaro que voa...
Ou mesmo uma folha pelo ar
Ao se cansar do galho desprendida
Pra se tornar adubo a outra vida...
Assim, talvez encontre utilidade
Nestes resquícios meus de pensamento
Que tento encontrar neste cimento
Das coisas que me cercam a vontade...
Escrevo tudo agora com saudade
Pegadas relembradas neste intento
Da poesia em mim, meu sentimento
Concreto, imortal, intimidade...
Eterno companheiro de verdade!
A luz em meu caminho nevoento...
Autor: André Luiz Pinheiro
05/10/2019