Poeta sem musa é muito pouco

Um poeta sem uma musa

É muito pouco

É um osso sem a carne

É alma sem um corpo

E um novo modelo sem conteúdo

É um nu no meio do mundo

Um poeta sem uma musa

Não pode ter calma

Não tem alma e inspiração

É só razão e raciocínio

Ele assim fica miúdo escasso

Não renasce das cinzas

Fica ácido azedo

Não arremessa seus dados

No universo

Fica no verso, mas não se lança ao diverso.

Não vê o reverso da moeda

Não nada contra

Não quebra a corrente do fácil e imediato

Não planta futuro não dá duro

Não dá muque na rocha

Não tira leite da pedra

Um poeta sem uma musa

É muito difuso erudito

Tranca-se no alto da torre

Do seu mundinho

Não se mistura não canta nem destoa

Vive de beneplácito

Não sabe nada de paranóia nem de dor

De despedida e chegada

De coração partido

Do parto e concepção

Não se dá não planta não colhe

Se encolhe e só.