A força de Zé da Pinga
A vida em Tortuga
é a vida em Tortuga,
nem mais nem menos:
apertada, pau a pique,
vida de sururu
que bebe água de bacalhau.
Ao passar pelo portão,
(sempre escancarado)
deve-se abandonar as ilusões.
Este aviso deveria estar inscrito
à entrada,
mas a surpresa faz parte do jogo.
Ao entrar aqui Zé da Pinga
disse que a gente
(eu, Nó Cego e o Alagoano)
era “piá novo, criados com papinha
e sucrilhos”
e não aguentávamos o tranco
da vida,
muito menos a vida num lugar
como Tortuga.
Ontem soube que Zé da Pinga
se mudou,
não aguentou seis meses
no inferninho.
Só queria ter perguntado:
você não aguentou seis meses
e eu estou aqui há cinco anos,
quem é que come sucrilhos
e papinha agora?