Eu vim pela música,
porque a virtude das janelas
cansou de morrer
em espaços aplainados de hipocrisia
 
Eu vim pela música,
porque a humanidade se corrompeu
a uma espécie de repulsa
por seres da mesma espécie
 
Eu vim pela música,
porque as conversas simples e
desinteressadas,
aquelas de portão e bancos de praça,
foram cimentadas pela cal dos silêncios
 
Eu vim pela música,
porque não importam as placas,
os jogos ou as razões das massas,
sempre escolho o sentido contrário
 
Eu vim pela música,
porque acima do crepúsculo coletivo,
acima da insanidade das coisas,
acima dos muros e dos arames farpados,
o vento ainda hasteia uma canção,
[ sem certificado de garantia ],
mas com tanto conhaque dentro !,
capaz de recriar os azuis .

 






 
DENISE MATOS
Enviado por DENISE MATOS em 03/10/2019
Código do texto: T6760287
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