ASAS LIVRES

Uma luz raiou,

Meus dias despertaram.

Iluminando todo o interior,

Que na inércia habitava.

Seria o sol?

Radiou penetrante.

Penetrante, como faca de dois gumes

No coração alado.

Chegou como orvalho,

Libertou-me do marasmo.

Liberou-me do espaço ínfimo.

Reverberou em meu ser,

Nova forma de viver.

Uma espécie de

Consciência política, identitária.

Tirando-me da pequenez diária.

Sim, o Sol da justiça.

Quarou meus retalhos.

Alinhou-me para o recomeço.

E em novidade de vida,

Sinto que estremeço.

Minha pele, minha fala,

Minha cor, tem divino valor.

Não permitirei que façam

Da pedra meu tropeço.

Mas construirei o castelo mais belo.

Darei asas ao desfecho

Porque sou livre , livre sou,

Sou negra de asas livres, doutor.

Autoria: Maria Aurea Santos

Em: 25/09/ 19 às 7:30h