Piada Amarga
Uma piada de mal gosto sentada no trono
Para o sorriso dos impotentes se abrir
Diante o choro de quem tem seu lar incendiado,
Do gosto de morte na boca dos familiares
Que assistiram seus entes queridos serem fuzilados
Pela margem de erros dos assassinos legalizados,
De vítimas violentadas diariamente
Pelo comitê da ordem meritocrata do estupro,
Do corte no Esclarecimento para o financiamento
Do reducionismo mitológico institucionalizado
Em prol da deficiência cognitiva programada,
Da obsolescência programada da humanidade
Organizada pela associação do pensamento estéril,
E até o sacrifício estético dessa escrita prolixa
Que encarna o mal gosto das notícias absurdas
Para dar o tom da piada amarga do cotidiano que nos assola,
Encerro essa realidade travestida de fábula
Com você me chamando de comunista.